Universo conceptual de e-Learning, Educação Online e Educação Aberta em Rede


As conceções sobre e-Learning, educação online e educação aberta em rede integram uma nova ecologia que contribui para a reconceptualização do ensino e da aprendizagem, esses são conceitos dispersos, e como refere Aires (2016: 266) possuem uma “diversidade de perspetivas associadas”. Um aspeto que me parece comum aos conceitos é a utilização de meios tecnológicos. O termo educação a distância corresponde à referência central para redução de entropia metodológica e conceptual no que se refere a instituições de ensino presencial.

Desde já importa distinguir Educação a Distância de e-Learning, por norma, identificamos a Educação a Distância ao processo de ensino-aprendizagem em que o professor e o aluno geograficamente estão distantes (lugares diferentes), em que a interação de ambos se processa preferencialmente por meio eletrónico. A última geração de Educação a Distância recorre aos sistemas de e-Learning e a comunidades virtuais, pela facilidade de uso, por caraterísticas de interação, acessibilidade e flexibilidade temporal e espacial em contraponto a outras gerações (ensino por correspondência, transmissão por rádio e televisão, serviços telemáticos). Conforme bem refere Gonçalves (2007: 4): “o e-Learning é uma forma de EaD, mas EaD não é necessariamente e-Learning”, por este último conceito ter abrangência mais restrita.

O E-Learning tornou praticável a comunicação bidirecional, síncrona e assíncrona, o aumento da interação, a inclusão de estratégias de colaboração, estratégias que estimulem a autonomia dos alunos no processamento de informações, a recolha de dados através dos Learning Management Systems e a atualização de informações em tempo real, em suma, viabilizou fazer o que no ensino a distância tradicional era impossível de concretizar.

No contexto educativo, o termo, aparece instável e difuso, nesse sentido umas conceções dão maior relevo à dimensão tecnológica dos artefactos que mediam a aprendizagem, outras abrange exclusivamente os conteúdos disponibilizados online, outras ainda, direcionam o conceito para todos os processos de ensino e de aprendizagem online que lhe estão implícitos; Sangrà, Vlachopoulos, Cabrera e Bravo (2011) propõem uma definição para e-Learning com maior alcance e inclusão “Modalidade de ensino e aprendizagem que pode representar o todo ou uma parte do modelo educativo em que se aplica, que explora os meios e dispositivos eletrónicos para facilitar o acesso, a evolução e a melhoria da qualidade da educação e formação” (Aires, 2016: 256).

A Educação Online, apresenta enorme variedade de conceções, alguns investigadores apelidam-na como sinónimo de e-Learning, outros destacam na literatura o conceito de Educação Online como mais complexo em comparação a este último. Surge associado a Educação a Distância, denominado de Educação a Distância Online, referindo-se à versão mais recente da Educação a Distância. A Educação a Distância Online tem a capacidade de redefinir vertentes basilares da relação pedagógica, neste caso, refiro-me à vertente social, interpessoal, à colaboração e aos contextos de interação. Neste caso, em acordo com Aires (2016: 257) “a aprendizagem online, a aprendizagem exclusivamente desenvolvida especificamente na internet, associa-se ao princípio de aprendizagem ativa” (a aprendizagem e-Learning pode ser suportada pela internet ou por uma intranet ou extranet).

Seguimos e concordamos com Araújo e Lencastre (2008), quando referem que o fator preponderante na definição de educação online é o ensino-aprendizagem e, por isso, defendem que a educação online corresponde “à distribuição de conhecimento cuidadosamente construído através das tecnologias” (2008:2), e não meramente a publicação de informações e conteúdos.

Miranda e Morais (2008), argumentam que a educação online é “uma ampliação da sala de aula [… e tem a base num] ambiente em rede que integra colaboração, comunicação e envolvimento nos conteúdos através de atividades assentes no trabalho individual e no trabalho de grupo” (2008: 181). O mesmo autor defende ainda que a educação online compreende diversas formas de aprendizagem e estabelece uma união entre dois elementos fundamentais “o elemento tecnológico – as tecnologias baseadas na web – e o elemento pedagógico – aprendizagem sustentada na interação e na colaboração” (2008: 188).

A perspetiva de Miranda e Morais, de ambiente em rede, vai de certa forma conduzir-nos à exploração de um outro conceito - Educação Aberta em Rede. A rede é o espaço para as interações, a partilha de conteúdos e representações, e o suporte para o acesso à educação e aos contextos de aprendizagem, através da rede deixa de haver os constrangimentos com a distância. Este modelo parece estar além da mediação tecnológica (facilidade de acesso e transmissão de conteúdos), o fundamental é a mediação social e cognitiva que permitem o desenvolvimento de habilidades de reflexão e ajudam a trilhar caminhos individuais e colaborativos na educação para o conhecimento em rede.

Neste seguimento, recorro a Dias (2013: 5) quando o mesmo refere que “a Educação Aberta, através das redes formais e informais de aprendizagem social e colaborativa, constitui, […] uma das mais profundas mudanças no pensamento para a educação na sociedade digital”. Um aspeto que considero importante, na conceção das aprendizagens para a educação aberta e em rede, é a deslocação do foco do aluno para a comunidade, e esta parece-me a situação emergente – comunidades de aprendizagem.

Os ideais de uma aprendizagem conectivista vêm acautelar que, na era digital, não é possível adquirirmos pessoalmente toda a informação disponível sobre dado assunto, pois incessantemente aparecem novas informações a serem absorvidas. Mediante o fluxo abundante de informações, a formação de conexões com as demais pessoas e redes de relacionamentos revela-se a atividade fundamental para a co-aprendizagem. Ensinar e aprender numa era digital vem exigir maior flexibilidade espaço-tempo, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação.

Neste quadro conceptual entende-se que a abordagem construtivista é a que tem maior enquadramento (mas não exclui outras), pois privilegia a construção da aprendizagem por parte dos aprendentes em grupo utilizando principalmente ferramentas de comunicação assíncrona. Estas ferramentas permitem ao estudante ter tempo para pensar e refletir sobre os materiais e sobre as contribuições dos seus pares e do professor.

Seguindo Vasconcelos e Manzi (2017), por um lado, o paradigma construtivista encara os alunos como processadores proativos, utiliza o que o estudante já sabe, valoriza a aprendizagem em grupo e a aprendizagem cooperativa, estas informações construtivas que os alunos utilizam na resolução de problemas. Por outro lado, aos professores cabe compartilhar experiências, cooperar, mediar, orientar e facilitar a organização de conteúdos à luz do conhecimento já desenvolvido (Vasconcelos e Manzi, 2017), os professores assumem o papel de estimular os alunos a refletir sobre os porquês e os modos de agir.


Bibliografia

AIRES, L. (2016). E- Learning, Educação Online e Educação Aberta: contributos para uma reflexão teórica. CEMRI. Universidade Aberta.

ARAÚJO, M., LENCASTRE, J. (2008). Educação Online: uma introdução. Trabalho apresentado em The lask International Conferences – E-Activity and Learning Technologies e Intertic. Madrid

DIAS, P. (2013). Inovação pedagógica para a sustentabilidade da educação aberta e em rede. Educação, formação e Tecnologias, 6:2. Pp. 4-14

GONÇALVES, V. (Sd). E-Learning: Reflexões sobre cenários de aplicação. Escola Superior de educação. IPB.

MIRANDA, L., MORAIS, C. (2008). Educação online: uma ampliação da sala de aula. Revista EduSer. Nº 3. Pp. 181-196

VASCONCELOS, Y., MANZI, S. (2017). Processo Ensino-aprendizagem e o paradigma construtivista. Interfaces Científicas. 5: 3. Pp. 66-74


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